terça-feira, 19 de maio de 2020

                           

                 aceitação
                                         

                                 



A temida velhice é como um rio 
sem correnteza,
que me puxa para o fundo,
sem uma mão para me salvar.
Morro um pouco todos os dias que passam
sem mistificação.
Perdido na névoa da ausência de tudo
que me foi importante,
estranho pensar que em
pouco tempo estará tudo acabado. 
Resta apenas um menino suspenso na memória,
e a estranha ideia de não ter mais futuro.

Não direi que estou resignado. Há lembranças
demais para simplesmente deixar de lado.
Minha riqueza está no que vivi, nem o solitário
crepúsculo me fará triste. 
O gosto da derrota é suave, fruto da aceitação 
e do alívio de não carregar mais  
o fardo do amor que fere e mutila.
Já não há para onde ir,
além do voo derradeiro,
silente e melancólico,
rumo à eternidade.
Ao esquecimento.



























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