sexta-feira, 5 de junho de 2020




               tudo o que me importa







Eu sou grato.
Posso não ser porra nenhuma na vida.
Não representar nada para ninguém.
Não obstante, tenho comigo um sentimento antigo
de gratidão.
Por todos que me ajudaram.
Que me ajudam.
Que fizeram parte da minha vida.
Até os desafetos, talvez os que
mais me ensinaram.

Mesmo que as coisas tenham desandado,
que não tenham dado certo,
não significa que tenham deixado de importar. 
Importam sim, e esse reconhecimento é tudo que importa,
é tudo que nos permite segurar a barra,
quando nos vemos sós, mal, com aquele gosto
amargo na boca, achando que a vida é uma merda. 

Não é. 
Pode até ser em alguns momentos,
mas o que a gente viveu, não é justo ignorar, 
não valorizar.

Eis porque sou grato por tudo que vivi, 
tudo que tive, 
não importa o que veio depois,
se hoje me vejo só, descartado, fazendo o papel
de bobo da corte. 
Tudo bem, talvez tenha feito por merecer,
não vem ao caso. 
Aceito o meu destino, nem por isso deixo que a raiva 
e o ressentimento prevaleçam. 
Não sou assim. 
Não quero ser mais um desses ingratos
que andam por aí.
Também não estou nem aí para o que pensem
ou digam de mim.
É problema meu, meu e da minha consciência,
foda-se o resto.
Sou o que sou. Não devo satisfações
a ninguém. 
E se sou grato, e não canso de
manifestar essa gratidão, mesmo a quem não
merece, me sacaneou, desdenha de mim,
é porque sou assim. 
Me sinto bem em ser assim.

Por mais desatinos que tenha feito, acho que
meus pais se orgulhariam de mim.
E quer saber, 
é tudo que me importa.





















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