O SILÊNCIO DOS AUSENTES
Às vezes penso como seria ouvir
o silêncio dos ausentes.
Ceder à tentação de matar alguém.
Como um soldado que não pode
senão matar ou morrer.
Como seria continuar, a despeito de já não ter
para onde ir,
por quê ir.
Acreditar, mesmo em permanente desolação,
a vida imperceptível se desintegrando
em promontórios dolentes.
Pensando, lembrando, atormentado como um místico
diante de sensações proibidas.
Ah, o silêncio dos ausentes,
a mágoa enrustida,
a revolta entalada, por um ou outro motivo retida,
como âncoras poderosas para sempre submersas.
Mas sou covarde. Me contento em não saber.
Para não mais sofrer.
Como a noite que esconde as estrelas,
me exilo nesse silêncio
que liga o inferno ao paraíso.
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