segunda-feira, 23 de agosto de 2021



                                   O SILÊNCIO DOS AUSENTES



 


Às vezes penso como seria ouvir 

o silêncio dos ausentes. 

Ceder à tentação de matar alguém.

Como um soldado que não pode 

senão matar ou morrer.

Como seria continuar, a despeito de já não ter 

para onde ir, 

por quê ir.

Acreditar, mesmo em permanente desolação, 

a vida imperceptível se desintegrando

em promontórios dolentes. 

Pensando, lembrando, atormentado como um místico 

diante de sensações proibidas.

Ah, o silêncio dos ausentes, 

a mágoa enrustida, 

a revolta entalada, por um ou outro motivo retida,

como âncoras poderosas para sempre submersas. 

Mas sou covarde. Me contento em não saber.

Para não mais sofrer.

Como a noite que esconde as estrelas, 

me exilo nesse silêncio 

que liga o inferno ao paraíso.





   


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