quarta-feira, 19 de janeiro de 2022


                                         às margens do nada






Aqui termina essa viagem em que tudo é cansaço

e abandono.

A distância entre as coisas, nos dias de todos,

o que resta, senão, aceitar ?

Às margens do nada, as nuvens ignoram a verdade

desconcertante.

É tarde, cumpro o percurso que me redime ou me cega.

Fui aquele que preferiu contemporizar à dor.

Em todas as coisas aniquiladas, a precisão da punição

injusta se apega a tudo que não existe mais.

Enquanto a vida sangra sem qualquer esperança,

como uma fera mortalmente ferida.


 

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