a realidade extraviada
gravura de Salvador Dali
Deixei-me nascer de novo.
Venho de caminhar por eras de cifras e marcos
que me legaram, por assim dizer,
três vidas em uma.
A memória sobranceira desapegou-se
das antigas diegeses.
E de tudo desaprendido - dúvidas, desejos,
paixões -, abraço essa realidade extraviada
como um presente inesperado.
Agora podem me ver como realmente sou.
Nem feliz, nem triste,
posto que despojado de tudo
o que me alegrava e me tolhia.
E, quase póstumo, me permito
viver como nunca consegui.
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