segunda-feira, 25 de julho de 2022



                    alegorias





Com o fim tão próximo, quase palpável, 

reluto em aceitar a condição de nada mais aspirar. 

A não ser não me degradar, a espera

do que não virá. 

Sinto o bafo da morte na nuca, fujo como uma fera de seu fojo,

mas não há o que fazer. Nem do que reclamar.

Pelos meus passos sempre errados não há culpados

senão eu.

Vivi me indispondo com o mundo,

virtuoso num meio sujo. 

Dormindo com rameiras para subverter o tédio 

dos paraísos artificiais. 

Eis-me à beira da noite escura da alma, livre, enfim,

da cancerosa máscara humana.

Desenganado pelos homens e por Deus, mas resignado 

ante a alegoria incoerente do tempo.

Lamento apenas não ter amado o suficiente. Daí, talvez,

a traição que jamais esperei.

Quis muito e fiquei sem nada. 

Nada além dessa insensata busca pelo que não sei.



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