alegorias
Com o fim tão próximo, quase palpável,
reluto em aceitar a condição de nada mais aspirar.
A não ser não me degradar, a espera
do que não virá.
Sinto o bafo da morte na nuca, fujo como uma fera de seu fojo,
mas não há o que fazer. Nem do que reclamar.
Pelos meus passos sempre errados não há culpados
senão eu.
Vivi me indispondo com o mundo,
virtuoso num meio sujo.
Dormindo com rameiras para subverter o tédio
dos paraísos artificiais.
Eis-me à beira da noite escura da alma, livre, enfim,
da cancerosa máscara humana.
Desenganado pelos homens e por Deus, mas resignado
ante a alegoria incoerente do tempo.
Lamento apenas não ter amado o suficiente. Daí, talvez,
a traição que jamais esperei.
Quis muito e fiquei sem nada.
Nada além dessa insensata busca pelo que não sei.
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