amor caricato
Assim eu te amo.
Intensamente, no ato.
Vagamente, se for o caso.
Pois nem sei quem és, de fato.
Sabe Deus no que vai dar
esse amor caricato.
Amo-te, todavia.
Como uma gaivota que se desprende
ao acaso.
Como a brisa que se intromete
na tarde vagarosa.
És como a luz fosforescente nas águas dançantes.
A trovoada que ressoa distante, e seu vago
clarão itinerante.
Amo-te sem esperança.
Abandonado como uma velha âncora.
Celebrando a vida com tua esporádica presença.
Campanário de lamentos e pensamentos sombrios
quando te ausentas.
És minha e não és.
Caçadora de meus sonhos solitários.
De dia matas minha sede.
À noite emigras para uma vida que desconheço,
em que desvanece o desejo de tê-la para sempre.
"Ah, é tão curto o amor, tão demorado o olvido" (Neruda).
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