quinta-feira, 15 de setembro de 2022



                       graciosa desdita


                                    Fedro, de Platão



Atento ao firme propósito e seus nítidos contornos,

em urdiduras que revolvem o vago céu,

como máscaras em procissão,

e acordar da seara dos loucos,

despovoando o corpo cansado de epifanias.

Quando o fogo declina e alguém é persuadido que o

perdão é desnecessário,

o coração se aquieta com a ajuda do lento aprendizado.

Outros foram nós, diante da consciência de que tudo

é veneno, e na treva sem caos a memória se desfaz,

como o insondável rio de Heráclito, em cujas águas o futuro

se eleva, a procurar-se entre os numes. 

Eleva, pois, tua prece, para que o mundo de breves sortes

e penas sem  fim, se perca no olvido.

Para renascer na graciosa desdita de Fedro.


 

 

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