terça-feira, 20 de setembro de 2022



                  

                    tremenda chinfra





As luzes do entendimento são refratárias.

Cabeças demais, lucidez de menos.

Tempos bizarros em que tudo se sabe, e nada se sabe.

Sob os auspícios do Grande Irmão digital.

A humanidade reverencia o todo-poderoso-deus-máquina.

Tremenda chinfra, não empresto meus demônios à ninguém.

Websatã saqueia o mundo, aceita um de justis belli causis na veia ?

O futuro saberá o que fazer. Ou não. Pausa para "leros, leros e 

boleros." 

Os corredores se multiplicam, labirintos são águas passadas

sem Borges a guiar-nos.

No que me diz respeito, vivo de álibis.

Minhas parcas virtudes dei-às à guiza de ludibrir

a memória.

Sendo o que fui até não poder mais.

Um Fenix rendido em clitóris, garras afiadas,

ninhos de marimbondos.

Penso no bicho que sou e me vejo com penas, escamas,

chifres. Verme.

Carunchando a madeira

Comendo carne podre.

Parasitando as entranhas da vida.

Meu pacto com o mundo é feito de hipóteses,

truques e máscaras.

A justa razão sempre se desintegra.

O vício de sobreviver tramitando na Navalha de Occan.

Nada substitui o ceticismo.

Um cara ou coroa, talvez.

Acostumemo-nos com adredes e Mitrídates. 

Entre quadrúpedes e salafrários, cumpra-se o propósito.

O lobo pastoreia as ovelhas, e tudo bem.

Os antigos diriam, o labor de pensar onera e não compensa.

Sejamos tangidos, pois !

Mimeses, arquétipos, protótipos.

Todos os danos do saber humano mendigando bom senso,

comendo pelas beiradas.

Cagando apoteoses, panaceias, incunábulos,

enquanto as bibliotecas queimam,

e os livros servem de banquete as traças.

Lanterna à mão, a luz do entendimento bruxuleia

entre o egoísmo e a apatia.

Transige entre o messianismo e o pelangianismo.

A plateia ignora as evidências, mentes fechadas feito ostras.

Só os sábios sabem calar dizendo tudo.

Mas os velhos mestres envelheceram.

Mudaram as coisas, depravaram as palavras.

A nova realeza é o visgo, o vício, a latrina da humanidade.

Meninas prenhes de nibelungos que buscam o apostolado infame.

Pensando bem, tudo não é muito.

Pode até ser pouco.

Quando se vive só para constar. 

O cômputo das ruínas é o catarro das heresias expectantes.

Emboscadas ? Ninguém mais me engana.

Saber não basta, é preciso desfazer, corromper

a ordem reinante.

Não é preciso perder os dedos para manter os anéis.

Não no Brasil.

Risus teneatis, certo Horácio ?

Eleger um notório rufião para voltar ao Poder,

qual o problema ?

O que vale é tudo que se possa desdizer.

Apedrejar e fugir.

O jeito é descabelar o palhaço.

Enxotar a xota.

Bem-aventurado é o silêncio quando falta assunto.

A gangrena estanca a hemorragia, mas mutila.

O entendimento esbarra no quiprocó. 

Consensus omnium aqui cheira a embuste - toda unanimidade

é burra, como se sabe.

Dialética, sim !

Abaixo a retórica, a farsa, o álibi ubíquo, a farsa

que transforma a culpa em curare.

O conluio em lautas pilantragens e quejandos.

Senão, vejamos : como é possível que isso

esteja acontecendo ?

E a pensar que poderia ter sido tudo diferente,

se os holandeses não tivessem sido expulsos.

Foi quando a cobra perdeu o rabo.


    

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