feras domadas
Sob o disfarce da linguagem pueril, não há nada de gratuito
no que escrevo.
Nenhuma palavra, nenhuma frase, nenhuma construção verbal
que não tenha um propósito.
Que não tenha a ambição, talvez desmesurada,
de trazer à baila aquilo que nos faz humanos : a emoção.
Nada do que escrevo é gratuito, posto que, senão
exatamente vivenciado, garimpado do fundo da alma,
em conúbio com o coração.
Sou o que escrevo. Invenção mal acabada de mim mesmo.
Professo o imaginário, como um prestidigitador que semeia
devaneios.
Meus fracassos e infâmias são feras domadas, caídas ao preço
de tantos tropeços.
Das quais me penitencio compartilhando meu fado com o mundo.
Perpetuado de ausências.
Extraindo poesia contra o mundo vasto e desfeito.
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