a vida que não vivi
Não tenho culpa de ter nascido.
Do resto, me declaro culpado.
Passei a vida em desassossego.
Fracassei em quase tudo, num pensar
e sentir deslocado da realidade.
Desejoso de tudo abandonar e viver outra vida.
Deixando de viver a plenitude de cada dia.
A vida que tudo me oferecia e eu não via.
A tudo, porém, o espírito inato de Orfeu
se sublevou.
Os desatinos não me impediram de ser feliz.
Pagando o preço mas colhendo os frutos
da vida que não vivi.
Para a qual enfim despertei.
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