é preciso crer
No entanto, é preciso crer.
Crer para não morrer por dentro.
Definhar na solidão das águas estagnadas.
Em meio ao inferno das ideias
e sentimentos corrompidos.
É preciso crer para manter um mínimo de fé
nos seres,
nas coisas que teimam em não dar certo.
Tentando e tateando os arabescos
das surpresas compostas de completa humanidade.
Crer para manter a sanidade mental.
Para não ser um simples animal, que vive
apenas para sobreviver.
Sim, é preciso crer. Mesmo contra
todas as probabilidades, os riscos de se arrepender.
O humano espírito inquebrantável assim o exige.
Buscar as antigas sementes, o âmago da jornada,
para ser tudo o quer quiser ser.
O velho amor renovado em mãos antigas.
Olhos cansados refletindo a fé que remove montanhas.
Crer para exorcizar os demônios.
Para plantar e colher dias maduros e risonhos.
E o derradeiro verso,
no tempo adverso ou de bem-aventurança,
possa ser como as rezas todas desse mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário