amor ordinário ( à moda Bukowski)
O amor ordinário é como uma escova
de dentes gasta.
É como comprar um carro usado
com o motor fundido.
É comprar um bilhete de loteria
que já correu.
É pegar o ônibus errado e não ter
grana para voltar.
É cagar na cueca pensando ser um peido.
O amor ordinário é como um vício.
Você sabe que faz mal
mas não consegue largar.
É uma piada pior que a vida
mas não há nada melhor.
Não ter certeza de nada, nada esperar
a não ser viver o momento.
Sem falsas ilusões, portanto.
O que pode ser melhor ?
Amor ordinário, sem futuro, atrelado
ao passado que sempre volta,
apegar-se, nem pensar.
Este é o pacto.
Nada de promessas, cobranças, compromissos.
Coisa de segunda mão, sem garantia.
O que tenho a oferecer é insuficiente.
O que tens a dar, agarro com unhas e dentes.
É pouco, mas não posso querer mais.
O amor ordinário não se submete,
não aceita imposições.
É o que é.
Intangível, postiço.
De tão ordinário, sujeito a acabar
com um simples bloqueio no watts ap.
Nenhum comentário:
Postar um comentário