terça-feira, 25 de abril de 2023


                           amor ordinário ( à moda Bukowski)



O amor ordinário é como uma escova

de dentes gasta.

É como comprar um carro usado

com o motor fundido.

É comprar um bilhete de loteria

que já correu.

É pegar o ônibus errado e não ter

grana para voltar.

É cagar na cueca pensando ser um peido.


O amor ordinário é como um vício.

Você sabe que faz mal

mas não consegue largar.

É uma piada pior que a vida

mas não há nada melhor.

Não ter certeza de nada, nada esperar

a não ser viver o momento.

Sem falsas ilusões, portanto. 

O que pode ser melhor ?


Amor ordinário, sem futuro, atrelado

ao passado que sempre volta,

apegar-se, nem pensar.

Este é o pacto.

Nada de promessas, cobranças, compromissos.

Coisa de segunda mão, sem garantia.


O que tenho a oferecer é insuficiente.

O que tens a dar, agarro com unhas e dentes.

É pouco, mas não posso querer mais.

O amor ordinário não se submete,

não aceita imposições.

É o que é.

Intangível, postiço.

De tão ordinário, sujeito a acabar

com um simples bloqueio no watts ap.



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