sexta-feira, 12 de maio de 2023


                        a espera do que não virá





A espera do que não virá é longa.

O que fazer do tempo, ou de nós mesmos,

de todos os falhados, o evolver das coisas,

a brisa da espera afadigada de soprar -  haverá algo 

do rancor antigo nas aflições de hoje ?


A espera do que não virá é infinita.

No desfile dos dias, o aboio das vespertinas ausências

se sobrepõe a todos os clamores.

A solidão veludosa das ruínas em que tudo se encerra

remonta à eloquentes mutismos.

Como alguém que se despede.

Como tudo que flui e o verme corrói.

O amor em pouso doendo na alma.

A espera do que não virá.





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