domingo, 7 de maio de 2023



                  o maior crime é viver



           


Poucos tem a sorte de Ulisses, cuja mulher-rainha 

manteve-se fiel por longos dez anos.

Fez-se deus de músculos e garras para conjurar

a confusão voraz de ser e não ser humano.

O senso do dever não resolve o teorema do mal 

que faz bem.

O maior crime é viver.

A entrega que não se entrega devora pupilas e pedras

de fugazes castelos.

Sossega, irmão, o mal compensa.

A beleza exasperada induz a tentação que levou o padre

a perdição.

Menininhas sem noção atiçam a carne, no alvoroço

dos desejos sonegados.

Narcisos descontentes amam orgulhos humilhados.

Confuso e autocomplacente, eis o meu fardo.

A parábola das façanhas arbitrárias confunde o amor,

como peixes asfixiados.

O bolor dos desenganos retorna em sebes novas.

Quem me curou das dores de amar não sabe amar.

Todo sonho que não aconteceu dura além de seu termo.

A banalidade da existência é a maior das riquezas.

Gatos e ratos são irmãos que se desconhecem.

É tempo de ignorar as ignorâncias para que possamos

tolerar os ignorantes.

Beatos regam as balsaminas do desespero. Em vão.

O prazer lavada de remorso é tão pouco venerável

quanto a velhice.

De que valem as afeições não correspondidas ?

Não há melhor companhia que um livro e um bom vinho

( no dizer de uma alma velha).


 







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