o maior crime é viver
Poucos tem a sorte de Ulisses, cuja mulher-rainha
manteve-se fiel por longos dez anos.
Fez-se deus de músculos e garras para conjurar
a confusão voraz de ser e não ser humano.
O senso do dever não resolve o teorema do mal
que faz bem.
O maior crime é viver.
A entrega que não se entrega devora pupilas e pedras
de fugazes castelos.
Sossega, irmão, o mal compensa.
A beleza exasperada induz a tentação que levou o padre
a perdição.
Menininhas sem noção atiçam a carne, no alvoroço
dos desejos sonegados.
Narcisos descontentes amam orgulhos humilhados.
Confuso e autocomplacente, eis o meu fardo.
A parábola das façanhas arbitrárias confunde o amor,
como peixes asfixiados.
O bolor dos desenganos retorna em sebes novas.
Quem me curou das dores de amar não sabe amar.
Todo sonho que não aconteceu dura além de seu termo.
A banalidade da existência é a maior das riquezas.
Gatos e ratos são irmãos que se desconhecem.
É tempo de ignorar as ignorâncias para que possamos
tolerar os ignorantes.
Beatos regam as balsaminas do desespero. Em vão.
O prazer lavada de remorso é tão pouco venerável
quanto a velhice.
De que valem as afeições não correspondidas ?
Não há melhor companhia que um livro e um bom vinho
( no dizer de uma alma velha).
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