sábado, 20 de maio de 2023



                                  tempos de murici





No fim, o que resta é o marasmo que cultiva 

o vazio interior.

A coroa de espinhos.

O lixo dos dias.

A pressão alta.

Tempos de murici.

O muito que precede o pouco.

De tudo que foi excesso e carência.

As epifanias emprenhadas de vazios.

O desconsolo das ausências despetaladas 

sob lentas verdades e mitos.

De tudo que habita-se renascido nos ciclos

além dos desejos.

Além dos propósitos.


No fim, o fim oferta-se em sacrifício

resgatado do fogo purificador.

Lavado do hades interior.

No qual a verdade é luto 

e o Éden é a ausência de conflitos.


No fim, abandonado o velho roteiro, tudo carece

ser reescrito.

Como cada vez em que os tempos difíceis

maltratam a consciência

e profanam tudo e todos a quem nos apegamos.

O peso dos erros mescla-se ao desejo de celebrar

os fracassos.

Dançar sobre os cadáveres dos falsas afetos.





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