sábado, 24 de junho de 2023



                                     manhãs


                        tela de Vladimir Kush



A manhã emudece. Lamento sobre a penúria

do vasto mundo.

Em tempos incertos, ir por vários caminhos provê 

o memorial de fracassos.

Ante o que foi e o que veio a ser, plante uma bananeira.

Miséria pouca é bagagem.

Nada é mole, muito menos a rapadura.

O problema todo é que a realidade sempre fica

aquém da expectativa.

Alternamos bons e maus momentos extravasando

desiquilíbrio, descancelando o raivo de privar,

o laivo de sumir.

O incompreendido muda de lado, se faz de desentendido.

No dia lindo de morrer, o terror ignora o cessar fogo.

Vem de acessar o meu dispor o inquilino de todos 

os ofícios. 

Invisto-me de vilegiaturas para adulterar a trama.

O mal falado já está difamado.

De oitivas e platibandas o psicomorfo idolatra o inimigo.


A manhã ensandece. Qualquer coisa é melhor que nenhuma.

Olhos vitruvianos enxergam tudo.

A pior das espécies faz jus a fama.

Que diferença faz se o crime tergiversa ?

Tranquila, a consciência implode.

Inabalável é a fé do sicofanta.

O velho poço não tem fundo. Nem o mundo.

Quem vive a favor da realidade levante o dedo.

Onde tudo é bruma, o descortino do novo cultiva

tudo o que lhe tanja ( que o diga Janja !)

Subterfugir esconderijos, onde vamos parar ?|

Ponhamão na cabeça, o excesso por exceção se revela.

Povo que não se rebela segrega o devir.

O egrégio consolo é o dolo que o tumor entorpece.

A manhã é outro dia.

Ó sole mio !














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