o milagre da espera
Vivo o milagre da espera.
Ou a espera do milagre.
Debruçado sobre dias sem perspectivas.
Em que tudo parece já ter sido.
Amadureço o porvir para longe de todo
e qualquer lugar.
É simples quando não se sabe para onde ir.
Quando o fim é apenas um atraso.
As diferenças se assemelham quando descendem
do exagero.
Ou da penúria.
De túnel em túnel, a luz se apaga.
A covardia de viver falsifica-se
para aplacar o cansaço de abraçar o mundo.
Chega um tempo em que não há mais tempo
para queimar etapas.
Não há virtudes sem fins lucrativos.
Nem quem não caia numa boa conversa.
O que mais há é gente se passando por boa.
Pactos (e himens) existem para serem quebrados.
Tudo está perdido, portanto, aproveite.
A vida é bela. No silêncio e no escuro.
Como diria Hamlet, há algo de podre
em cada quintal.
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