terça-feira, 25 de julho de 2023



                      o caminho que não escolhi





Ando incógnito por um caminho que não escolhi.

Misturado ao torvelinho alucinado de vassalos de telas, teclas, 

aparatos digitais que invadem, assediam, corrompem

o perene rocio das virtudes.

No grande mar de rostos regurgitados por uma engrenagem

frenética e desregulada, herdeiros mal nascidos 

barbarizam 

em nome de deuses plastificados e desdenhosos.

Estranhos se tornam íntimos, espectadores tomam partido

em cada evento que se autodestrói, sucessivamente.

No ágora em que tudo e nada acontece, a milagrosa

iniciação claudica e prescreve, 

indiferente ao burburinho ordinário.

Como um fugitivo atento, me embrenho na autofagia 

do tempo para não ser devorado.

Antes de devorar-me o caminho que não escolhi.

A vida que não quis.

 








  

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