o rosto no espelho
Um homem só em sua casa,
assombrado pelo delicado tempo que tudo enovela,
encara o rosto de um suicida no espelho.
Saturado de uma vida que não entende.
Perdido em paraísos artificiais.
Faz-se de forte, ignorando a besta consoladora
dos aflitos.
Rastros de passos erradios circundam o caminho
sem volta.
A solidão é o acalanto que mascara as mágoas
possuídas por dádivas descontentes.
O agora é onde o eco inverte a fala, e o rebojo
das coisas insensatas ignora o extinto.
Nos hemisférios da alma, a desagregação da vontade
constrói se desmanchando.
Continuar, emparedado pelo tempo, adquire ares de façanha.
Mas o mundo devassado e imperfeito assim o exige.
Que o rosto no espelho esqueça quem era.
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