quarta-feira, 16 de agosto de 2023




                  o rosto no espelho





Um homem só em sua casa, 

assombrado pelo delicado tempo que tudo enovela,

encara o rosto de um suicida no espelho.

Saturado de uma vida que não entende.

Perdido em paraísos artificiais.

Faz-se de forte, ignorando a besta consoladora

dos aflitos.

Rastros de passos erradios circundam o caminho

sem volta.

A solidão é o acalanto que mascara as mágoas

possuídas por dádivas descontentes.

O agora é onde o eco inverte a fala, e o rebojo 

das coisas insensatas ignora o extinto.

Nos hemisférios da alma, a desagregação da vontade

constrói se desmanchando.

Continuar, emparedado pelo tempo, adquire ares de façanha.

Mas o mundo devassado e imperfeito assim o exige.

Que o rosto no espelho esqueça quem era.









 

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