o sopro da vida
O sopro da vida é leve
suave
breve
Dura e perdura impregnado de memória.
Nada se retém.
Nada se salva na matéria finita que depõe
guerreiros e armas.
Somos o rio de Heráclito.
Somos o pó incalculável que renasce feito Fênix.
Somos as migrações que forjaram os povos e mapas
da saga humana.
Somos os exércitos que escreveram e reescreveram
a História.
Somos os templários que perpetuaram o nome de Cristo
com suas atrozes Cruzadas.
Somos os povos escravizados que sofrem e calam.
Somos os impérios que se apagaram como um relógio de sol.
Somos aqueles que, misteriosamente, sobreviveram
à elevação das águas do dilúvio.
Somos aqueles que viram a morte de perto nas pestes
e guerras exterminadoras.
Somos aqueles que decretam a morte dos infiéis, sob as crenças
mais sanguinárias.
Somos aqueles que estiveram na Odisseia de Troia,
imortalizados em Termópilas.
Somos aqueles que construíram as enigmáticas pirâmides.
Somos aqueles que a história não fala.
Somos aqueles que inspiraram Balzac e Kafka.
Somos aqueles que saudaram Hitler.
Somos aqueles que idolatram ídolos de pés de barro.
Somos aqueles que trilharam os caminhos da penitência,
como ensina TS Eliot.
Somos aqueles que recordam os dias felizes.
Somos aqueles que caminham lentamente para o cadafalso,
pelos mais diversos crimes. Ou nenhum.
Somos aqueles que brincam com seus filhos, na volta
do trabalho.
Somos aqueles que ignoram os toscos labirintos da razão.
Somos aqueles que suportam com estoicismo
as privações e desgraças.
Somos aqueles que colecionam madrigais de ternura e
dilemas pacíficos.
O sopro da vida é eterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário