domingo, 13 de agosto de 2023



                      auréolas complacentes





Quando, um dia, eu não passar 

de uma vaga lembrança,

não mais que o verme que fustiga o defunto,

certamente parecerei melhor do que sou.

Serei melhor do que jamais fui.

Antepassado do meu mundo arcano, marcado

por auréolas complacentes, estarei, enfim, 

liberto das formas que a memória 

furta do meticuloso tempo. 

Serei amado como nunca fui.

Ninguém lembrará dos porões infectos, das coisas sórdidas.

Quando, um dia, eu me for, certamente 

serei louvado até pelo que não fiz.

Serei grande como nunca fui.



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