auréolas complacentes
Quando, um dia, eu não passar
de uma vaga lembrança,
não mais que o verme que fustiga o defunto,
certamente parecerei melhor do que sou.
Serei melhor do que jamais fui.
Antepassado do meu mundo arcano, marcado
por auréolas complacentes, estarei, enfim,
liberto das formas que a memória
furta do meticuloso tempo.
Serei amado como nunca fui.
Ninguém lembrará dos porões infectos, das coisas sórdidas.
Quando, um dia, eu me for, certamente
serei louvado até pelo que não fiz.
Serei grande como nunca fui.
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