o pecado original
Invento os sintomas da doença
mais antiga.
Às vezes talvez tampouco entendo
algo que não está morto.
A luz cega
o olho vivo e poderoso
retribuindo a simpatia dos deuses mais cruéis.
Enquanto a flor do cardo perde seu ardor
novos arrimos circundam
as coisas sem história.
A vaga memória culpa e perdoa.
A melhor parte de nós sempre fica para trás.
Verdades e mentiras se evitam mutuamente.
Quando se tocam, finalizam seu papel de engodo
e troça.
Deixemo-nos respirar ares duros e silenciosos.
Corpos cansados não refletem dor nem alegria.
Tudo aquilo que repousa na manhã fresca
retorna ao ventre asqueroso.
As dobras do tempo barbarizam os filhos do severo nume.
A partir do pecado original de Santo Agostinho,
tudo o que passou não existe.
Nem o mundo nem o universo se explicam.
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