o outro que não fui
O outro que não fui
é o filho que toda mãe queria ter.
O filho pródigo que não desonrou a casa paterna.
Que fez de tudo para destruir-se sem conseguir.
Expert na arte de transformar nada em tudo.
Constante em recomeços que curam.
A exuberância do ínfimo o fez gostar do que é.
Tornou-se outro quando a luminosa adolescência morreu.
Vivendo como se o tempo não passasse.
O desespero de não ter uma casa já não o afeta.
A sabedoria que lhe faltou ainda palpita, hostil,
entre vultos e defuntos.
A fábula perfeita envenenou a carne insatisfeita.
Do outro que não fui.
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