domingo, 3 de dezembro de 2023



                       degredo




 


Não me interroguem.

Não me questionem.

Nem eu sei o que faço.

Por que faço.

Detesto rótulos.

Dispenso exéquias.

Minhas limitações são meu flagelo.

Ando por aí pela força do hábito.

Nunca tive coragem de sair do casulo.

Experimentei todas as formas de abandono.

Amei as provações mais gloriosas e funestas.

Pela carne conheci a miséria dos silêncios e das traições.

Tudo em redor de mim ilumina o meu degredo.

Todas as vozes numa voz se atufam onde moro.

Eu sou o irmão das ausências e cegueiras.

Assim, renitente,

amado fui sem merecer.

Adolescência e madureza condenam-me 

pelo que não fiz.











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