domingo, 11 de fevereiro de 2024



                  pequenas grandes coisas





Passará a dor

Passará o amor

Passará a juventude

Passará o tempo do plantio

Passará o tempo da colheita

Passarão os medos

Já não importarão os segredos

Tudo a terra há de comer.


Morremos em pequenos sorvos sem sentir

Passam os anos lhanos 

Assim como os insanos

Perdura, assim, como um livro a ser lido

Um mar a ser navegado

A vida que é ao mesmo tempo

Esperança e tédio

Doença e remédio.


Mas, ai ! Frente ao fluído inimigo

O inútil duelo jamais se resolve

Naquilo que não foi, nem pôde ser

Sofremos por coisas que existem

Sem existir

Luta o corpo contra o tempo

Pelejas que não pode vencer

Angústias na forja das emoções

Ódio, raiva, ressentimentos, coisas

Que envenenam a vida.


Quantos regalos nos são dados

E não damos valor

Todas as regalias e consentimentos

E não damos valor

Incapazes de ver nas coisas mais simples

Todo seu esplendor.

Ah, mas é apenas uma flor...

Uma manhã ensolarada e tranquila...

Um dia sem dor...

Pequenas grandes coisas que passam despercebidas

Desaprendidos de sentir o gosto da fruta

O cheiro da terra molhada de chuva

Das pequenas partilhas que permeiam

Um mundo amoroso e patético

Contra tudo o que maltrata e definha.


Da morte que nem morte é.















  


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