a última morada
Lá onde veredas preguiçosas descansam
e rios sem perspectivas desaguam
nuvens dançam
manhãs silenciosas pastam
cismo o sereno silêncio
que desejaria ter
como última morada.
Lá onde não há roubos, crimes, carnavais
moças de vestidos coloridos passam
crianças jogam bola na praça
e janelas abertas
espiam o tempo que não passa
sonho ter
como última morada.
Lá onde as inquietudes repousam como flores no caixão
e o que passou já não importa
e o esquecimento suavemente vem
e o pobre amor caminha sobre as águas
quisera ter
como última morada.
Lá onde minha mãe cozinhava, fiava, tecia,
e minha avó capinava, sem nunca perder a
alegria,
e o meu pai possuía essa grande força que o fez eterno,
e um eco bondoso paira sobre todos aqueles
que habitaram minha gloriosa infância
em lembranças que nunca me abandonaram,
vislumbro o menino que ainda há em mim
a me levar pela mão
a última morada.
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