tudo o que temos de mais caro
Não aconselho ninguém a voltar onde foi feliz um dia.
Nem onde nem com quem.
Porque nunca é a mesma coisa.
Tudo o que encontrará são ruínas, despojos, fragmentos
do que foi um dia, e não há nada que se possa fazer
a respeito.
Tudo passa, tudo acaba, tudo se esvai na mixórdia
da aventura terrestre.
Mesmo as lembranças com o tempo traem a memória,
em sensações longínquas e piedosas,
desvirtuando o próprio lembrar e esquecer.
O halo das fantasias mascara todas as coisas finitas,
glorificando ecos e miragens em detrimento do natural
desencanto com os seres e as coisas.
Daí o quase pesar de rever ou retornar às origens.
Por isso não faço gosto de passar por antigas moradas,
nem sinto vontade de reencontrar antigas namoradas,
e até reluto em rever velhos amigos.
Não por esquecimento ou falta de apreço, longe disso.
Prefiro, simplesmente, ficar com a imagem de como tudo era.
Antes que o tempo nos roubasse tudo o que temos
de mais caro.
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