quinta-feira, 13 de junho de 2024


                     elegia post mortem



Prezo mais meus defeitos

do que minhas (parcas) virtudes.

Em tudo que a memória translada,

a irmandade atabalhoada 

fede a escória.

A forma mais estranha remenda-se, soluça ao pé

da tumba, conquanto tenta ser pobre como os ricos.

Ó, glória !

Ó, vitória !

Entrelaçam-se as fundições dos versos

ferozes, à luz da loucura da razão.

Destemidos cantares seguem à frente

dos próprios atos,

engolindo o choro inexato.

Olhos díspares transformam-se

em luxúria.

O medo cheira a tijolo e a perdão.

Mas, no entanto, é um aprazível

inchar-se de chumbo que liberta

a laica humildade.

Que há de ser inesquecível.

Mesmo que nada aconteça, mesmo que a infausta 

analogia das lembranças ferva em desgosto. 

Arrosta-nos a grandeza póstuma dos holocaustos.


 


 

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