sexta-feira, 19 de julho de 2024

 

                       demência





O frio castiga, o calor fustiga.

Enquanto o povo passa, o frio e o calor

embotam os dias.

Ao meio-dia o boia-fria dorme o sono

dos justos.

A noite ninguém sabe onde tudo começa e termina.

Estagnado no ato, o cortejo das prostitutas inventa

a fundura dos gemidos.

O endiabrado e o ensanguentado se convertem

à luz dos fatos caricatos.

Inversão de valores coabita o nascedouro 

das máquinas sem juízo.

Onde o perdido e o triste abarcam a pontual oratória,

já sem vida, o ovo e o olfato

transformam-se em dinheiro.

O que impede o animal de gozar ?

O gozo espiritual é herege ?

Distrações lunares intercedem a favor dos

anacoretas.

A sede de ignorância é maleável.

Minhas verdades perderam a data de validade.

Nem a tília nem o lilás matam a fome de razão.

A loucura engrandece a demência,

para que a vida afunde, iracunda e banal.





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