a hora de apaziguar o coração
Não encontrar-se na ambígua realidade,
e de súbito, ver-se
pacificado pela boca dos mortos.
Na interminável rigidez que abençoa as uniões,
a astúcia terrestre restaura as espigas da noite.
Heranças de barro acumulam velhas desditas.
O que acontece lá fora endurece o coração estigmatizado.
A verdade sem angústia veste o nu e o invisível.
Irredutível como a vida que regenera a vida, a incessante
maresia santifica o dia.
A cura sem remédio inverte a tristeza das mentiras.
Onde não há ciladas o acaso trama a flor sobre o jazigo.
O gosto do desgosto muda-se na lama, para que a vida
se abra e reparta.
Embora cego, o que não falta ao amor é olfato e tato.
Cada coisa fora do lugar atrasa o ritmo do remo.
Folhas irisadas pela chuva decifram a ira que condensa.
A tudo que passa, entrega-se um pouco de nós mesmos.
As vagas incessantes da memória se opõe à cegueira
fútil da felicidade.
Sem acabar, nada recomeça.
A hora de apaziguar o coração é sempre.
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