sábado, 3 de agosto de 2024


                      o mais lindo sentimento


À Benício Berger, meu filho




Monólogos sem eco,

completamente fora de propósito,

pairam como sonhos de ourivesaria.

No relax das colheitas, eis que o amor circundante

urde o mais lindo sentimento

jamais sentido.

Inadvertidamente, como um cão que atravessa a rua apinhada

de carros.

Acalanto de água macia num rio hostil.

Caloroso incenso coalhado de azul.

Parnaso onde o brusco andar se amolda às febres e chagas.

E a própria oquidão espreita a clara inocência

do amor sem lonjura. 


Neste candor que tudo ignora,

me vejo como o avesso de um espelho,

em périplo desorbitado sem plano de fuga.

Quando te estreito nos braços, rebento inesperado

em tempos de crepúsculo,

sinto-me como se jamais fosse morrer.


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