palavras ao léu
Busco nas palavras o que ser.
Trago nas mãos o amoroso desvario de aprazíveis
oferendas.
Caminho entre canteiros de flores e ásperos aromas.
Onde quer que eu vá, persegue-me uma paz que não sinto.
O coração não mente, mas se engana.
Enamorar-se de viver é meu lema, em disputas
patéticas com o tempo.
Não se iluda, a maturidade tudo subtrai.
Você mente tão gostosamente que até acredito.
Principalmente quando diz "amo sua pica".
Palavras não contam no enleio amoroso.
Meus calhamaços de sabedoria não se comparam
a teu repertório de artimanhas.
A velhice e a doença desconhecem a vergonha, quando
desprovidos de dignidade.
Tudo o que de melhor temos, não vemos.
Os degraus de ontem remontam a sonhos desfeitos, safadezas,
gozos estéreis.
A cobiça é o maior dos males, mas há atenuantes.
Mágoas sem propósito vão-se pelo ralo da autoestima.
A vida cabotina tece desmemórias, para que a alma
mais obscura
possa brilhar na escuridão.
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