terça-feira, 31 de dezembro de 2024

                             

                  moinhos de vento





Nuvens cansadas vagam pelo céu indeciso.

Chove ? Faz sol ? Pouco importa.

Redemunhos de sombras galopam com destino opostos.

Pedaços de lucidez forjam a vida itinerante.

Despojos de mim inventam o mundo 

de moinhos de vento.


Envelheci arando o tempo renascido de si mesmo.

O mundo é grande mas nem tanto.

O contrário do contrário reformula os opostos.

Nunca fiz uma seresta à luz da lua, mas tenho lágrimas

de amanhecer nos olhos.

A dor antiga mitiga os lamentos miríficos.

O que sobrevive ao mundo de imundície e miséria ?


Coisas invisíveis preenchem os vazios ( e, eventualmente, 

os bolsos).

Rompe-se o invólucro das façanhas retroativas para a 

continuação da vida que não existe.

Por todos os cantos porejam versos mudos e parábolas

inconclusas.

O tempo porvir é o mesmo que medra gerânios de antanho

e peixes-anzol. 

Gente de cascos nas costas rasteja à margem dos dias,

como se fosse a única alternativa.

À sombra do infinito, como o tanger de uma estrela.

 


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