domingo, 29 de dezembro de 2024

                         

                           sem endereço, nem destino




  

A vida se liquefaz em brevidades.

Em tudo o que o homem toca, destrói, encanta,

nada mais será como antes.

Quem ousa falar sobre as coisas sem nome, sem endereço,

nem destino ?

Afinal, não há um dia sequer sem deslumbramento e dor.

Quem ousa perscrutar a intimidade das coisas,

diante do eterno conflito entre matéria e espírito ?

Concilia-los requer a sabedoria dos vagalumes, dos monjolos,

dos caminhos "de não sei" das pequenas cidades.


Pois que assim seja a poesia.

Profunda e profusamente entrelaçada 

com o reticente infinito.

Juiz das causas naturais, revirando os caminhos,

esculpindo palavras que deem sentido 

a angustiante aventura de viver.


 

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