domingo, 22 de dezembro de 2024



                           o momento etéreo



O momento etéreo é feito de sempres.

Rubicundos filamentos apoderam-se das memórias

sonolentas do efêmero.

As coisas passam ocultando a aprendizagem do espanto.

Janelas nostálgicas assistem ao esvair das exaustas

formas da paciência.

Églogas de céus em chamas e coros de discórdias fundem-se,

para que o contentamento da tristeza não seja em vão.

A dança antediluviana das borboletas paira 

muito além dos pensamentos talhados no mais puro 

alumbramento. 

O momento etéreo é uma árvore plantada 

no dorso das campinas, onde jorram flores

e morrem mitos.

Os tempos são sempre recalcitrantes, continuam

através dos olhos e das paisagens.

A vida agoniza com a tepidez de velhas rachaduras

No ventre das máquinas homicidas,

as novas criaturas comungam o mesmo húmus 

do sadismo.

O momento etéreo passa, mas o horror permanece.






 

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