o momento etéreo
O momento etéreo é feito de sempres.
Rubicundos filamentos apoderam-se das memórias
sonolentas do efêmero.
As coisas passam ocultando a aprendizagem do espanto.
Janelas nostálgicas assistem ao esvair das exaustas
formas da paciência.
Églogas de céus em chamas e coros de discórdias fundem-se,
para que o contentamento da tristeza não seja em vão.
A dança antediluviana das borboletas paira
muito além dos pensamentos talhados no mais puro
alumbramento.
O momento etéreo é uma árvore plantada
no dorso das campinas, onde jorram flores
e morrem mitos.
Os tempos são sempre recalcitrantes, continuam
através dos olhos e das paisagens.
A vida agoniza com a tepidez de velhas rachaduras.
No ventre das máquinas homicidas,
as novas criaturas comungam o mesmo húmus
do sadismo.
O momento etéreo passa, mas o horror permanece.
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