domingo, 22 de dezembro de 2024



                      sublime danação



Perdido de mim, aspiro o que remonta 

a meus destroços.

Das vagas inconstantes da memória, componho 

labaredas de céu e extinta soledade.

Meu presente é um presente que se desfaz 

em indecisa dismorfia.

Uma altivez sem destino nem história

é minha glória tardia.

Me divido entre a lucidez e a cegueira

de querer o que não posso (ser) ter.


Meu tempo lentamente se esgota.

O coração bebe o fel de seu amoroso aconchego.

Nem pareço mais eu.

Quem fui, ausentou-se sem eu sentir.

Quem sou, um arremedo de quem quis ser.

Não obstante, louvo a sublime danação desse tempo 

passado a limpo, liberto  

de uma pena maior.

Me conforta o lúdico renascer 

em que findo, 

a laborar a fuga das estreitezas do mundo.  




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