sublime danação
Perdido de mim, aspiro o que remonta
a meus destroços.
Das vagas inconstantes da memória, componho
labaredas de céu e extinta soledade.
Meu presente é um presente que se desfaz
em indecisa dismorfia.
Uma altivez sem destino nem história
é minha glória tardia.
Me divido entre a lucidez e a cegueira
de querer o que não posso (ser) ter.
Meu tempo lentamente se esgota.
O coração bebe o fel de seu amoroso aconchego.
Nem pareço mais eu.
Quem fui, ausentou-se sem eu sentir.
Quem sou, um arremedo de quem quis ser.
Não obstante, louvo a sublime danação desse tempo
passado a limpo, liberto
de uma pena maior.
Me conforta o lúdico renascer
em que findo,
a laborar a fuga das estreitezas do mundo.
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