seres e coisas
Os seres e as coisas se pertencem, imantadas
de um saber que transcende o entendimento.
Fatos e fatores se aplainam,
acorrentados à arquiteturas corrompidas,
repletas de mãos inúteis.
Do canto mais remoto
emerge anjos de armaduras espúrias,
exalando antros de perdição.
Farsas inventivas entendem-se sem se ouvir,
a despeito das hastes fracas e voos às avessas.
Faço versos porque as palavras se prestam
a qualquer propósito.
Não sou triste nem alegre, sonho a vida
beirando os extremos.
Distante de qualquer casa, qualquer terra,
enquanto o mundo se desintegra.
O cio pavorosa de seres e coisas
encarna a ausência de crime.
Na normalidade doentia do ciclo evolutivo,
nada é tão efêmero que não possa perdurar.
Nada além dos vícios.
Das sevícias.
Dos artifícios.
Um instante basta para entender a vida.
Tudo o que o entendimento consente é válido.
Mas a tessitura do amor é delicada.
O vaivém dos desejos devora os desfechos, para ampliar
as fronteiras das abstrações.
Seres e coisas caminham lado a lado
por alamedas opacas, à mercê do olho ciclópico
do imponderável.
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