quarta-feira, 25 de dezembro de 2024


                                      seres e coisas




Os seres e as coisas se pertencem, imantadas 

de um saber que transcende o entendimento.

Fatos e fatores se aplainam,

acorrentados à arquiteturas corrompidas,

repletas de mãos inúteis.

Do canto mais remoto 

emerge anjos de armaduras espúrias, 

exalando antros de perdição.

Farsas inventivas entendem-se sem se ouvir,

a despeito das hastes fracas e voos às avessas.


Faço versos porque as palavras se prestam 

a qualquer propósito.

Não sou triste nem alegre, sonho a vida

beirando os extremos.

Distante de qualquer casa, qualquer terra,

enquanto o mundo se desintegra.


O cio pavorosa de seres e coisas

encarna a ausência de crime.

Na normalidade doentia do ciclo evolutivo,

nada é tão efêmero que não possa perdurar.

Nada além dos vícios.

Das sevícias.

Dos artifícios.

Um instante basta para entender a vida.

Tudo o que o entendimento consente é válido.

Mas a tessitura do amor é delicada.

O vaivém dos desejos devora os desfechos, para ampliar

as fronteiras das abstrações.

Seres e coisas caminham lado a lado

por alamedas opacas, à mercê do olho ciclópico

do imponderável.   





  

   

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