sexta-feira, 27 de dezembro de 2024


                           o último suspiro



Abeirando abismos, gritos de âmbar coagulam 

idiomas perdidos. 

Entre o consentido e o desfeito,

os despojos empreendem 

novas jornadas.


A primeira morte desencarna as crenças.

A floração dos gritos desmistifica os prantos.

Renega os ideais.

A cada renascer, a face túrgida do amor desmascara 

o ímpeto suicida.

A vida subsequente se renova dentro da vida.

Fora de nós, as fronteiras do possível se abrem

saboreando seu sal de conflitos.


O sorriso alado a tudo transcende.

O filho amado, o andar descalço no barro,

os aromas esquecidos,

saudades do mundo bafejam cavalos, locomotivas.

O último suspiro de um tempo que não morre

entranha o líquen das profecias.

Para deixar belo o dia da partida.


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