sexta-feira, 31 de janeiro de 2025



                          o quanto sei de mim




Faço do meu papel o lenho da minha cruz. 

Cavalgo unicórnios a passos lentos,

para que o gozo consentido preencha o dom da alma.

O sonho em busca das asas de Pégaso entretece 

o esplendor da vida.

Quem me sonha impõe seu remorso vagamente triste,

antes de se perder no sonho.


O quanto de mim apequena varandas e alpendres

amolda contornos de ourives, a fim de sugar o sol 

pelas frestas.

Há neste gênio cativo a ira sagrada que o gosto 

gentil da claridade acolhe em suas entranhas.

O quanto sei de mim vive alternando a honra e

a vergonha.

Meu espírito errante amontoa molduras e cátedras,

no afã de salvar-me da veneranda velhice. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                    último ato Vem de longe o paradoxo em que me afundo.  Encurralado no círculo vicioso da vida, me dester...