quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

                  

                 último ato




Vem de longe o paradoxo em que me afundo. 

Encurralado no círculo vicioso da vida, me desterro 

do destino traçado pelo livre-arbítrio.

O espelho partido do tempo decifra a máscara definitiva, 

prenhe de insólitos disfarces e provisórias certezas.

Pairando sobre as verdades que umedecem 

a sobrevida sobranceira. 


Meu breviário de desatinos apascenta o coração.

Madureço lúcido, lúdico, 

hóspede do tempo,

passageiro do mundo,

liberto do amor que cresce para dentro.

Que importa se tudo é fugaz ?


Pensamos diferente mas somos os mesmos animais.

Pervagando sufrágios e presságios celestes.

O amanhecer sem futuro perscruta o repentino despertar,

para que o silêncio amoroso acolha

o souvenir das brevidades.

Meu ego em frangalhos encena o último ato nessa terra

que só fez amar-me.

Do bulício do mundo me aparto em paz comigo mesmo.

A solidão, a chuva e os caminhos percorridos ornamentam 

meus últimos passos.

Para assim ser esquecido. 

Como se não tivesse existido.








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