a sabedoria de Trismegisto
"A verdade é imutável em si mesma, e sobrevive a tudo, porém
em diferentes moradas" (Os Grandes Iniciados/ Édouard Schuré.
Em tudo fadado à passar, algo sempre fica.
O que se ganha e o que se perde funde-se
para desvendar os segredos dos seres e das coisas.
Um fulgor que é cegueira elude a sabedoria
do Trismegisto.
E assim, que a cura sem remédio anistie a dor antiga.
Que as horas recorram às podas universais.
Que as árvores retornem às florestas ancestrais.
Que nuvens perdoem as perenes fecundidades.
Que os pássaros compreendam o sol dos ardores
crepusculares.
E a futilidade da civilização encontre a paz
dos cemitérios.
Reserve sua bondade para os covardes.
Seja digno de seu troféu.
Não envergonhe as palavras que quebram paradigmas.
Fugas, desencantos, os vícios viciaram-se em ódios secretos.
Antes que tudo se desfaça, que os abismos encantem
os olhos de quem não vê.
Que a glória de ser não saiba o que sonhou.
Que os sinos dobrem onde a coragem termina.
Que as águas reguem as pedras que acalantam o sossego.
Largo é o gesto infame que adia a justiça.
Sangram vestes e raízes por um deus morto.
Que o amor não se apoie em bengalas.
Que o negro das trevas cesse na epiderme.
Que o canto da terra permaneça além do tempo.
Que as prisões libertem os inocentes de si mesmo.
Que a salvação da alma se lave de todos os prantos.
Que o insolúvel tubo de ensaio fecunde surpresas in vitro.
Que as fezes recorram as moscas e as latrinas amanheçam
em cima dos telhados.
Que o dinheiro não corrompa a felicidade.
Que o desejo sem volta bata a sua porta.
Que matar os preconceitos não dê cadeia.
À luz das provações em vigência, que as Escrituras
cumpram o prometido.
Que tudo que faz a vida igual todas as manhãs
seja eterno.
Que o sono dos justos durma em lençóis de linho.
Que a paz não se contente com migalhas.
Quem se acha perdido, que aponte o caminho.
Quem carpe diem não inveja ninguém.
Quem madura temporão replanta brotando.
Quem entende a verdade vive por dentro.
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