Nossas dores são algemas incrustadas de feridas catatônicas.
Nossos amores contam seus passos envoltos em trapos amorfos.
O que há para fazer salvo viver como se não houvesse
outra vida ?
Incógnito, o coração indomável cavalga hipocampos de trânsfuga.
O presente, um halo da eternidade, se agarra ao póstumo acerbo
de potestades.
Sonhos drenados repartem os silogismos do abandono
em ligas de tungstênio.
No horizonte precário do existir, passam com atraso os cortejos
mancos das elegias.
Meus olhos transformam tempestades em escamas, como
um rio que bebe as nuvens.
Me defendo das imposturas da fé deixando para trás
a inconsútil fratura da alma.
Livre da falsa auréola das virtudes, mijo bazófias politeístas.
Não sou nem sombra do que fui, mas meu sêmen cansado
ainda faz filhos.
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