domingo, 23 de março de 2025


                          partes que se partem





Somos parte de partes que se partem e repartem 

desencantos secretos.

Não se sabe se por sina ou maldição, perpetua-se 

a existência soterrada de enigmas e hiatos.

O homem e a besta convivem amigavelmente.

Tão próxima e tão distante é a irmandade destroçada.

Das coisas que importam vivemos nos despedindo.

Sobrevivendo a pequenos holocaustos, o fausto e 

o miséria tecem a mortalha dos incautos.

Partes que se partem sufocam os irmãos consumidos

pelo gozo dionisíaco. 

Entre idas e vindas, tudo se encontra no contrafluxo. 

Não há inocência no reino consumido por desejos fálicos.

A despeito da glória dos bordéis, tudo se explica 

nas entrelinhas.

O esculacho glorifica nossas ovações, submetendo-se

à poda das surrubas peripatéticas.

O tempo perdido morreu de velho.

A submissão vem na cola do liburno. 

A verdade constituída é um libelo que carrega 

o peso da discórdia.

Nada se revela sem armas em punho.

Saqueadores de sonhos é o que não falta.



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