segunda-feira, 19 de maio de 2025


                         um dia de cada vez





Um dia de cada vez.

É assim que funciona.

Nada se detém. 

Nada se retém.

Palavras inventam o efêmero, o vago, o impreciso.

Por trás das cortinas,

ora o sol brilha,

ora a chuva embaça a vidraça.


O tempo novo traz tudo em dobro.

Coisas novas se misturam às antigas,

com seus apelos e absurdos.


Nada é original.

Nem o trivial.


Os novelos se embaraçam, compondo vícios antigos.

O silêncio que perdura encerra o duro ciclo.

Devassando a vida como flores do lado de fora

da janela.


A mão que afaga alimenta as fábulas.

Por trás do azul, o branco e o preto confabulam.

No ar, o estado de graça ofusca 

o olho do pássaro.

Tão fundo e tão alto que não deixa rastros.

Como a linguagem que engendra cada gesto.




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