o roto e o esfarrapado
Algo de nós sempre fica no limbo da memória.
Arrastamos nossas culpas sem assumi-las.
Mas já não há desculpas disponíveis.
As promessas se recolhem, coniventes.
Tudo já foi feito, refeito e descumprido.
O roto e o esfarrapado andam lado a lado.
Só as coisas primitivas permanecem, voltando-se
contra si mesmas.
Algo de nós não inspira confiança.
Algo de nós quer o novo
mas não se desprende do velho.
De ti e de mim, o amor foi-se afastando
aos poucos.
Em meio a tudo,
algo de nós se refugia no tempo prescrito
e decifrado.
Para que todas as coisas lindas
que vivemos
tenham alguma serventia.
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