meu canto
Sou como um viajante que se perdeu
ao longo do tempo.
A espera do que não veio.
Os sonhos de barro, quebrados.
Despreparado para as falsetas da vida.
Sou o que restou de mim.
Uma fração do que era para ter sido.
Mas de raízes profundas, adubadas
por um coração generoso.
Subsistindo na pátria em que nunca deixei
de ser menino.
O que eu levo da vida é a magia
dos momentos que pareciam eternos.
A lenta juventude, a falsa impressão de que
o amor nunca me trairia.
Na vida de sonhos desfeitos e lamentos,
meu canto é meu unguento.
Sob o luzeiro de quem finda a cada passo,
canto os frutos alcançados,
os anos plenos e dourados.
Canto a vida partida e repartida.
E tudo mais que foi doçura e mentira.
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