terça-feira, 16 de maio de 2017



                          
                 TUDO OU NADA 
  


QUEM MUITO TEM, NADA TEM
CEDO OU TARDE TUDO ACABA
IGUAL PARA TODO MUNDO
NO ALÉM E SEM UM VINTÉM

O QUE EU TENHO É POUCO
MAS É MELHOR QUE NADA
PORQUE QUEM TUDO QUER
ACABA FAZENDO TRAPALHADA.


O QUE EU QUERO NÃO É MUITO
MAS TAMBÉM NÃO É POUCO
PORQUE O POUCO PODE SER MUITO
QUANDO SE GANHA COM O SUOR DO ROSTO.

TER POUCO OU MUITO NÃO FAZ DIFERENÇA
QUANDO SE PERDE A NOÇÃO DAS COISAS
PORQUE O QUE TEM MAIS VALOR
DINHEIRO NENHUM COMPRA.

NÃO TENHO MUITO NEM POUCO
MAS O POUCO QUE TENHO VALE MUITO
PORQUE O QUE EU NÃO TENHO
NÃO VALE MINHA PAZ DE ESPÍRITO. 

SE O QUE EU TENHO É POUCO OU MUITO
DEPENDE DO PONTO DE VISTA
PODE SER POUCO PARA QUEM TUDO TEM
E MUITO PARA QUEM CONQUISTA



  
















sábado, 13 de maio de 2017



            
NADA A FAZER

Não há nada que se possa fazer
quanto ao que não pode ser desfeito.
Nada que possa mudar  
o que não pode ser mudado.
Nada a fazer frente ao intangível, ao irremediável.
Nada que possa demover o irredutível.
Recuperar o insanável.
Relevar o imperdoável.
Restabelecer a confiança perdida.
O amor exaurido em armadilhas domésticas.
Laços fraternos e amorosos vergastados 
pela chibata inclemente do tempo.
Não há nada que se possa fazer
quando o tempo de fazê-lo passou.









quinta-feira, 4 de maio de 2017



                          

               DA BOCA PARA FORA



À luz dos fatos, da esbórnia reinante, salta à vista
a desimportância de tudo que é importante.
A irrelevância de tudo que é relevante. 
O valor do que é desvalorizado, depreciado. 
Que vem a ser os valores outrora vigentes e considerados.

Cabe não relevar a motivação dos covardes, dos omissos.
O apelo da sinecura, das rebordosas, mesmo as mais
pusilânimes e recalcitrantes.
E subentender que o arrebatamento, o pecado sem arrependimento,
sem comedimento,
vem a reboque do status quo 
que privilegia o ignominioso, o reprovável, o condenável.

Em face do quê, não serei eu a exaltar o amor, a virtude, 
o politicamente correto.
Hoje não. Ao menos no papel 
também quero ter o direito de fraquejar,
compactuar com o vício e as fraquezas, 
de despautérios e vexames. 
Igualado e igualmente humano,
louvar as derrotas, os derrotados. 
Me ombrear aos fracos e oprimidos, 
aos embusteiros e caloteiros, que malgrado as transgressões, dormem o sono dos justos.
Não, hoje não serei a palmatória do mundo, 
o dedo em riste,
muito menos o dono da verdade. 
Concedo-me o direito de ser fraco, 
falso, hipócrita. De trapacear. 
De dar o troco na mesma moeda.
Ser como todo mundo.   
Com a consciência tranquila da boca para fora 




terça-feira, 2 de maio de 2017

                          


                          É FATO



É fato que se pode amar, doar-se, 
fazer de tudo para que as coisas deem certo, 
e às vezes nem assim funcionem. 

É fato que erros e imperfeições, inerentes a cada um, 
acabam por sabotar os esforços, 
e até mesmo se sobrepor a tudo de bom
que tenha acontecido, que se tenha feito. 

É fato que quando o todo é tomado por um episódio 
isolado,
nem sempre é possível contornar, 
impedir que as coisas desandem.

É fato que, quando o conjunto da obra é comprometido
por um acorde fora de tom, 
antecedentes manchados por algum tropeço esporádico, 
os resquícios de desconfiança e dúvidas 
sempre acabam vindo à tona, falando mais alto.

Pode-se eventualmente até desculpar, relevar, 
mas esquecer, jamais. 
E o que parecia uma fortaleza indevassável, 
de repente não passa de um frágil castelo de areia.
De fato, é fato. 






    

segunda-feira, 1 de maio de 2017





                          EXISTO, LOGO PENSO
                       
                         





Existo, logo penso na trágica sina de sofrimento, morte e destruição que a humanidade se auto-inflige.

Existo, logo penso nos conflitos seculares, hegemônicos, étnico-raciais que persistem, sem qualquer sinal de apaziguamento.

Existo, logo penso nas milhares de pessoas que tombam nas guerrilhas urbanas, ensejadas pelo flagelo das drogas, e cujo combate tem sido inútil, em função da crescente demanda.

Existo, logo penso no eterno drama dos excluídos, exilados, discriminados, perseguidos e abandonados de toda natureza.

Existo, logo penso na miséria e desamparo que predomina em quase todos os cantos do mundo, ao mesmo tempo em que bilhões são roubados, desviados, sonegados por governantes inescrupulosos e desonestos. 

Existo, logo penso nos injustiçados pelas capciosas leis dos homens, invariavelmente norteadas pelo famigerado princípio de dois pesos e duas medidas.
Existo, logo penso nos doentes, nos inválidos, e deficientes físicos, em sua luta desigual e titânica pelos direitos mais elementares.

Existo, logo penso nos genocídios ignominiosos, nos povos expulsos à força de suas terras, sem direito a nada, relegados à própria sorte.
Existo, logo penso nas crianças que nascem e crescem em meio a lares destroçados, ao martírio das bombas, execuções sumárias e à rotina de imolações promovidos por ditadores sanguinários e assassinos da pior espécie, que distorcem os cânones religiosos para justificar seus dantescos propósitos.

Existo, logo penso na destruição sistemática e inexorável imposta ao planeta, por insensibilidade, ignorância, e principalmente, ganância e descaso com as evidentes alterações climáticas, evidente no colapso de eco-sistemas vitais da natureza. 

Existo, logo penso no futuro desse mundo em que o belo e o insano se confundem e convivem aos trancos e barrancos.

Existo, logo penso que não obstante o dom da inteligência, a humanidade continua ignorando os prenúncios e avisos de estar cavando seu próprio fim. 

Penso, logo existo. Mas de entender tanta insânia, desisto. 



          






               imanência
                   



Nada é o que parece. 
Nada em que se possa confiar. 
Nada é duradouro. 
Nada que não possa mudar 
num piscar de olhos.

Nada é o que aparenta.
Relações, sentimentos, compromissos,
laços de amor e amizade.
Nada que qualquer deslize ou o próprio tempo,
não acabem por macular, ou destruir.

Ninguém é o que pensamos ser. 
Muito menos o que idealizamos.
Na vida, como nos relacionamentos, não há 
porto seguro, 
salvo- conduto, bilhete de loteria premiado.
Ninguém está livre de deslizes. Infortúnios. 
Os quais, quando não são os outros, você 
mesmo se inflige.
E que são os piores. 

Nada é como imaginamos.
A vida vivida sempre é diferente da sonhada.
Quando parece pouco, geralmente é muito.
Quando parece muito, geralmente é pouco.
Tudo o que se faz presente demora.
Fiel à imanência dos desastres.


















sábado, 29 de abril de 2017




                            A TRAMA 
            
                 


A vida rouba tudo da gente.
Cobra caro por tudo, concedido ou obtido.
Sonhos e esperanças tolhidos na juventude. 
Saúde e dignidade ceifados na velhice. 
Não obstante, tudo se cumpre em perfeita harmonia
e encadeamento.
Finda a trama, o homem morre sem saber quem é.
Perverso e sem culpa.










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