domingo, 11 de junho de 2017
COMPOSTURA ÀS FAVAS
Quanto mais eu penso, mais me convenço da inutilidade
da fruição intelectiva, estética e não modificante do visionarismo vulnerável à inabdicada independência e severa lucidez da peroração oculta e presciente. Previsionais e simbólicas, nada me acrescenta o equívoco das aparências estoica e irreprimivelmente aventadas na contemplação onírica e refratária que o metaforismo espaventoso oblitera.
Da mesma forma, aporrinha-me a ociosidade de especular sobre a profusa possibilidade de contradições e malabarismos provenientes da formulação de premissas cuja fixidez dificulta qualquer interpretação comodamente garantida e certa, e onde a chocarrice e a pseudo-complexidade da ideação abrem banca ao sensacionalismo lato e contemporizador que rege as teorias das abstrações recidivas e recalcitrantes.
Razão pela qual, contrapõem-se a tal raciocínio toda a comparticipação, comunhão ou entendimento possíveis e meramente protocolares e dispensáveis, na medida que inevitáveis e alheias a sua referenciação coercitiva.
Quanto mais eu penso, mais me convenço da estultície de questionamentos sobre generalidades que aceitamos como evidentes e seguras para contestar os desdobramentos ideologicamente combatidos e de multiforme representação.
Isso que, por mais que o objetivo que se pretenda e se consiga, mercê do esforço de juízo que permeie o livre-arbítrio, este não pode nem deve ser preconcebido nem fixo. Impõe-se, isso sim, a necessária e útil exegese do exercício vivo de a exprimir, como ato determinante e decisivo que liga o criador a sua obra, emulada em breves abstrações de perspectivas e hipóteses que levam até o limite do intersecionismo transcendental.
Tudo bem que perfazendo-se, dentro da existência do indivíduo, que os foi a todos a ilusão de uma suficiente diversificação autônoma, e cuja conclusão, irrefutável e certa, é o suporte de uma pluralidade de monólogos com suficiente imagística diferenciadora, negando-se assim viabilidade até para si próprio e sua dúvida.
Fica-nos, portanto, o consentido direito à devassa pública, o artificialismo do processo inútil - quem sabe, afinal ?,- da própria banalidade e a compreensão de certo tipo de mentores decretadores de juízos absolutos aqui desmentidos.
Com as ideias assim dispostas - e não obstante a vacuidade e higidez de um ideário crispado pela própria irrelevância da opinião pública -, só resta concluir que qualquer decifração minimamente lúcida, há de associar o cenário burlesco vigente no país aos proficientes membros da Suprem Corte tupiniquim. Cujas intervenções, pareceres e sentenças nem sempre correspondem aos anseios por justiça e moralização acalentados pela população.
Porque vamos e venhamos, agora no jargão popular : é preciso ser muito escroto para livrar a cara dos bandidos que roubam e zombam do país, escudados por salvaguardas e manobras de bastidores espúrias e inaceitáveis.
Ou seja, retórica à parte e compostura às favas, estamos fodidos e mal-pagos.
sábado, 10 de junho de 2017
CADÊ A BULA ?
O que é pior : deixar de se importar
ou deixar de ser importante?
Deixar de amar ou de ser amado ?
Deixar ficar ou deixar de ficar ?
O que é melhor : ser bom ou ser justo ?
Ser realista ou sincero ?
Ser politicamente correto ou coerente consigo próprio ?
O que é mais fácil : fazer o certo ou o mais cômodo ?
Mentir por uma boa causa ou botar o dedo na ferida ?
Criticar ou compreender ?
O que contribuí mais para nossa felicidade : o bolso ou
a imaginação ?
A dimensão objetiva da posse material ou
a dádiva intangível da fantasia ?
A noção de que tudo teu seu preço
ou a fé cega de poder domar o curso natural das coisas ?
O que é mais tolo : esperar por reconhecimento e gratidão ou acreditar em afeição desinteressada ?
Confiar cegamente ou ignorar o óbvio ululante ?
Perdoar incondicionalmente ou fazer vistas grossas ?
O que é mais certo : investir tudo em nossas
discutíveis aptidões e sabedoria ou
deixar o barco correr ?
Ser feliz por fazer ou
em paz ao deixar de fazer ?
Saber de tudo e sofrer ou
ignorar e viver ?
Saber ou não saber, ser ou não ser,
não sei,
ninguém sabe.
Deus quando fez o mundo
esqueceu de fazer a bula.
O que é pior : deixar de se importar
ou deixar de ser importante?
Deixar de amar ou de ser amado ?
Deixar ficar ou deixar de ficar ?
O que é melhor : ser bom ou ser justo ?
Ser realista ou sincero ?
Ser politicamente correto ou coerente consigo próprio ?
O que é mais fácil : fazer o certo ou o mais cômodo ?
Mentir por uma boa causa ou botar o dedo na ferida ?
Criticar ou compreender ?
O que contribuí mais para nossa felicidade : o bolso ou
a imaginação ?
A dimensão objetiva da posse material ou
a dádiva intangível da fantasia ?
A noção de que tudo teu seu preço
ou a fé cega de poder domar o curso natural das coisas ?
O que é mais tolo : esperar por reconhecimento e gratidão ou acreditar em afeição desinteressada ?
Confiar cegamente ou ignorar o óbvio ululante ?
Perdoar incondicionalmente ou fazer vistas grossas ?
O que é mais certo : investir tudo em nossas
discutíveis aptidões e sabedoria ou
deixar o barco correr ?
Ser feliz por fazer ou
em paz ao deixar de fazer ?
Saber de tudo e sofrer ou
ignorar e viver ?
Saber ou não saber, ser ou não ser,
não sei,
ninguém sabe.
Deus quando fez o mundo
esqueceu de fazer a bula.
quinta-feira, 8 de junho de 2017
quarta-feira, 7 de junho de 2017
COISINHA À TOA
Quem eu antes fazia questão de ver
Não via a hora de encontrar
Que não me saía do pensamento
Que me fazia bem só em imaginar
Que a minha espera poderia estar
Que a minha falta poderia sentir
Como a dela, sentia.
Quem antes não me saia da cabeça
Me fazia feliz mesmo quando ausente
Só de lembrar dos momentos felizes
Tão únicos e especiais
Que até custo a crer que os tenha vivido
Quem antes era tudo para mim
E para quem, quero crer, a recíproca era verdadeira
Alguém em cuja companhia, não precisava
de mais ninguém
Não sentia falta de nada
Tal o prazer, a cumplicidade que nos unia
Quem antes, em suma, me provia de tudo
A esperança, a fé em dias melhores
Hoje se resume a realidade nua e crua
Do que a vida roubou da gente.
Coisinha à toa : tão somente tudo
Não sentia falta de nada
Tal o prazer, a cumplicidade que nos unia
Quem antes, em suma, me provia de tudo
A esperança, a fé em dias melhores
Hoje se resume a realidade nua e crua
Do que a vida roubou da gente.
Coisinha à toa : tão somente tudo
pelo qual valia a pena viver.
quarta-feira, 31 de maio de 2017
UMA BROXADA DE 3 MIL REAIS
Sonhos costumam ser aquela algaravia que a gente sabe, a maior parte não tem nexo nenhum, e mesmo quando fazem algum sentido, se apresentam mais como meros delírios desgarrados da realidade, uma espécie de válvulas escape para nossos assoberbados neurônios, que assim como o coração, nunca descansam.
Não só não descansam como às vezes parecem se aventurar por outras dimensões, em que voltamos ao passado, a lugares tragados pelas brumas do tempo, que trazem de volta entes queridos que já partiram - quiçá para alguma dessas vidas paralelas -, e a contracenar, por assim dizer, com estranhos e pessoas que conhecemos apenas de vista. O que, por sinal, me acontece com muita frequência, inclusive sonhar com celebridades, principalmente - e para minha sorte - mulheres, em enredos rocambolescos, como disse de início, sem pé nem cabeça, mas ainda assim admiráveis em sua ontologia onírica.
Sem querer me aprofundar nesse terreno movediço, até mesmo por tratar-se de um tema já fartamente esmiuçado por exímios perscrutadores da mente humana como Freud, Jung e outros - se dúvidas persistem, é outro problema -, resolvi escrever a respeito na esperança de que os sonhos sirvam realmente de inspiração artística ou coisa que o valha. Que funcionou para muita gente, não há dúvida.
Como para o brilhante escritor escocês Robert Louis Stevenson, que por sinal, tinha o hábito de anotar tudo que sonhava. E que, baseado num sonho, mais para pesadelo, escreveu seu livro mais
famoso, O Médico e o Monstro. A mesma inspiração que levou Richard Bach ao enredo de Fernão Capelo Gaivota, um dos livros mais marcantes de minha geração. Representando a safra atual, figura a autora da badalada série Crepúsculo, Stephenie Meyer, que nunca havia escrito nada que prestasse, até sonhar que com um vampiro vegetariano fazendo estragos em pleno século 21, maluquice que resultou na série que a fez milionária.
Pra se ver que talvez devamos prestar mais atenção as mensagens cifradas dos sonhos, ao invés de ficar esperando que alguma voz do além sopre os seis números da mega-sena...
Se bem que tudo leva a crer que os sonhos estejam de alguma forma relacionados com nossos pensamentos, interesses e atividades na vida real. Que esse conjunto de coisas acaba sendo, de alguma forma, processado em nossa mente, enquanto dormimos, produzindo e reproduzindo esses eventos no subconsciente, que os projeta intermitentemente no caleidoscópio maluco dos sonhos. Nos quais, eventualmente, e se prestarmos a devida atenção, estão não só as respostas como a inspiração para questões mal-resolvida e pendentes na vida real.
Como foi o caso do biólogo James Watson, que parecia fadado ao anonimato, como tantos estudiosos e pesquisadores, até certa noite ter um sonho revelador de uma recorrente escada em espiral, que o levou a descobrir a estrutura do DNA, que revolucionou a medicina e lhe deu fama e notoriedade. Fama e notoriedade que já faziam parte da vida do beatle Paul McCartney, que certa manhã acordou e foi direto ao piano, para compor a canção com que sonhara, nada menos nada mais que a antológica Yesterday.
Motivos mais do que suficientes para valorizar e prestar a devida atenção a nossos sonhos. Vai que baixe aquela inspiração que nos catapulte à fama e à riqueza ? Não custa nada, e na pior das hipóteses - como no sonho que em seguida relato -, pode render boas risadas.
Pois como disse de início, tenho sonhos majoritariamente com mulheres, e não raras vezes, com celebridades, o que Freud deve explicar. Sonhos não necessariamente eróticos, e quase sempre fragmentados, episódicos, em suma, amalucados. Mas este, em particular, teve começo, meio e fim, e não obstante o nonsense, acabou sendo muito engraçado.
O cenário inicial foi uma churrascada, em local que não reconheci, mas que subentendi ser a casa dos meus pais, lotada de gente. Apesar de meu pai, como bom gaúcho, ter sido um churrasqueiro de mão cheia, habituado a promover churrascadas pra lá de concorridas, em meu sonho fiquei preocupado com a trabalheira que estava passando para atender tanta gente.
Vai daí que me senti aliviado quando vi chegar a empregada, uma moça por sinal bem bonita, que de relance, me pareceu muito parecida com uma atriz hollywoodiana que me fugia o nome. Mas qual não foi minha surpresa quando ao pedir que fosse ajudar meu pai, deu-me as costas, dizendo ter viajado a noite inteira e que iria para seu quarto descansar.
Corte para a rua, eu dirigindo meu carro, e a vejo caminhando pela calçada - ela, nossa empregada, agora sim, claramente a bela atriz Rachel Mc Adams.
Carona oferecida, carona aceita, e toca procurar um motel, ou algum local apropriado para consumar o que se prenunciava como um gran finale daqueles. Na busca, fomos parar numa espécie de cais aparentemente deserto, e que me pareceu adequado a meus propósitos libidinosos.
E assim partimos para o chamado rala-e-rola, ao relento e no cimento duro mesmo, mas não é que o instrumento que deveria ficar duro, como direi, minguou. Miou. Desacorçoado com o vexame, ainda tentei esboçar uma desculpa, lançando um olhar preocupado à volta. "Estou com receio de aparecer alguém", balbuciei, enquanto ela se recompunha, visivelmente contrariada.
- Não quero nem saber, os meus 3 mil reais você vai ter que pagar -, disse ela, transformando meu sonho num verdadeiro pastiche.
...
- Tudo isso ? Não tenho essa grana toda aqui comigo. Posso fazer um depósito na sua conta ?..., por fim me ocorreu propor, antes de acordar e ter de sufocar a vontade rir ante sonho tão estapafúrdio.
Risadas que ecoaram pela casa logo cedo, quando contei a minha mulher sobre o insólito sonho de uma broxada de 3 mil reais.
segunda-feira, 29 de maio de 2017
FREUD EXPLICA
A vida não gosta de calmaria. Sossego, tranquilidade, só a dos cemitérios. Embora a paz seja um bem almejado por todos, o espírito beligerante e destrutivo do ser humano, conspira, mesmo inconscientemente, contra viver em harmonia, pacificamente.
A turbulenta história da humanidade mostra que não nascemos para ser felizes. A verdade é que não estamos aqui para cruzarmos incólumes pelos inúmeros obstáculos que a vida nos interpõem. Antes mesmo de desembarcarmos nesse mundo hostil, a primeira grande batalha começa já no tortuoso e conflagrado caminho percorrido pelo heroico espermatozoide até fertilizar o óvulo que vai gerar a vida.
Vida milagrosamente concebida para ser única e original. Exceto na vocação predadora e maligna que nos impele a maltratar e atazanar não só ao próximo, como a nós mesmos. Daí as regras e convenções impostas a ferro e fogo se necessário, para que condições mínimas de convívio prevalecem. Freios ainda assim precários e incapazes de impedir que a maldade, a violência gratuita e a barbárie venham à tona, sob os mais variados pretextos.
Desde as simples relações ditas sociais ao antagonismos visceral entre os povos - todos teórica e cinicamente imbuídos dos melhores propósitos, inclusive sob o escudo religioso -, a natureza perversa da humanidade sempre dá um jeito de prevalecer.
E quanto mais pecamos, deturpamos, prevaricamos, sacaneamos, mais livres e estimulados nos sentimos para continuar nesse caminho. Afinal, Deus a tudo perdoa, basta que nos arrependamos, que oremos, e sejamos generosos, principalmente no dízimo, asseguram igrejas de todos os credos.
Talvez seja injusto generalizar, com alguma boa vontade muitos desses desatinos podem ser atribuídos a ignorância, a miséria, a influência do meio ambiente, mas o fato é que o bem parece estar sempre em desvantagem, em minoria. E mesmo quando procuramos nos manter longe dos maus pensamentos, das tentações e inclinações negativas, ninguém está livre de sucumbir ante os meandros escamoteados nos subterrâneos da mente.
Freud explica. Ou não.
A vida não gosta de calmaria. Sossego, tranquilidade, só a dos cemitérios. Embora a paz seja um bem almejado por todos, o espírito beligerante e destrutivo do ser humano, conspira, mesmo inconscientemente, contra viver em harmonia, pacificamente.
A turbulenta história da humanidade mostra que não nascemos para ser felizes. A verdade é que não estamos aqui para cruzarmos incólumes pelos inúmeros obstáculos que a vida nos interpõem. Antes mesmo de desembarcarmos nesse mundo hostil, a primeira grande batalha começa já no tortuoso e conflagrado caminho percorrido pelo heroico espermatozoide até fertilizar o óvulo que vai gerar a vida.
Vida milagrosamente concebida para ser única e original. Exceto na vocação predadora e maligna que nos impele a maltratar e atazanar não só ao próximo, como a nós mesmos. Daí as regras e convenções impostas a ferro e fogo se necessário, para que condições mínimas de convívio prevalecem. Freios ainda assim precários e incapazes de impedir que a maldade, a violência gratuita e a barbárie venham à tona, sob os mais variados pretextos.
Desde as simples relações ditas sociais ao antagonismos visceral entre os povos - todos teórica e cinicamente imbuídos dos melhores propósitos, inclusive sob o escudo religioso -, a natureza perversa da humanidade sempre dá um jeito de prevalecer.
E quanto mais pecamos, deturpamos, prevaricamos, sacaneamos, mais livres e estimulados nos sentimos para continuar nesse caminho. Afinal, Deus a tudo perdoa, basta que nos arrependamos, que oremos, e sejamos generosos, principalmente no dízimo, asseguram igrejas de todos os credos.
Talvez seja injusto generalizar, com alguma boa vontade muitos desses desatinos podem ser atribuídos a ignorância, a miséria, a influência do meio ambiente, mas o fato é que o bem parece estar sempre em desvantagem, em minoria. E mesmo quando procuramos nos manter longe dos maus pensamentos, das tentações e inclinações negativas, ninguém está livre de sucumbir ante os meandros escamoteados nos subterrâneos da mente.
Freud explica. Ou não.
domingo, 28 de maio de 2017
ASSUNTO ENCERRADO
Tarde demais.
As lembranças já não me afetam mais.
Perdoar ou ser perdoado já não carece.
Não preciso mais compreender nem ser compreendido.
A fase de tentativas passou.
Tudo já foi dito.
Tudo já foi vivenciado.
Assunto encerrado.
Não há palavras ou atitudes que sirvam
Santos 21/5/2012
As lembranças já não me afetam mais.
Perdoar ou ser perdoado já não carece.
Não preciso mais compreender nem ser compreendido.
A fase de tentativas passou.
Tudo já foi dito.
Tudo já foi vivenciado.
Assunto encerrado.
Não há palavras ou atitudes que sirvam
para remediar as coisas.
Disfarces já não cabem.
O sorriso amarelou.
O gesto amigo se desvaneceu, confraternizar nunca mais.
Olho para trás e não reconheço mais quem me foi tão caro.
Nem eles a mim, com certeza.
Cada um de nós, movidos por razões e convicções pessoais,
desertamos.
Podemos, enfim, nos dar ao luxo
Disfarces já não cabem.
O sorriso amarelou.
O gesto amigo se desvaneceu, confraternizar nunca mais.
Olho para trás e não reconheço mais quem me foi tão caro.
Nem eles a mim, com certeza.
Cada um de nós, movidos por razões e convicções pessoais,
desertamos.
Podemos, enfim, nos dar ao luxo
de sermos nós mesmos.
Santos 21/5/2012
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