sexta-feira, 6 de outubro de 2017

                MALUCOS DE PLANTÃO






A loucura do mundo é contagiosa. E o pior é que não há antídotos confiáveis, capazes de por freio e limites à insanidade que grassa. Degenerados de toda espécie, que matam à sangue frio, que roubam, ejaculam em ônibus,  ladrões transvestidos de políticos, pseudo-vanguardistas que confundem pornografia com arte, 
pedófilos de batina, malucos investidos de chefe de estado, ditadores, eis o basfond que deita e rola hoje em dia.

Leis, religião, princípios, nada mais parece funcionar e inibir a esbórnia reinante. Em todos os cantos, a qualquer momento, toda a sorte de ignomínias se repetem como se fora uma praga incontrolável. A ponto de o anormal parecer cada vez mais normal. E vice-versa. Pois quem ainda prima pela ordem e moralidade, anda na lei e clama por justiça, ou faz papel de bobo ou é tachado de reacionário, coxinha, elitista, e por aí afora. 

Nessa toada, ódio e desavenças se disseminam sob os pretextos idiotas de sempre. Preconceitos, xenofobia, homofobia, camuflados pelas eternas tretas políticas e étnico-religiosas que tem desgraçado o planeta desde prismas eras. Imbecilidades que não conhecem limites nem se rendem ao lugar comum das normas e convenções, e muito menos de civilidade. 

Entre os quais, o presidente da nação mais poderosa do planeta, que fala e age - menos mal que mais o primeiro do que o segundo -  como se sofresse de graves distúrbios mentais e paranoicos, tal a propensão a criar confusão e colecionar diatribes. Devidamente secundado por outros porra-loucas como o ditador norte-coreano e o enigmático Putim, que não engana ninguém com seu sorrisinho de Monalisa. 

Com o planeta à mercê quando não de lunáticos francamente beligerantes, de refinados charlatães e trambiqueiros, especialmente ativos em nosso país, não é à toa que insanidades e tramoias de toda espécie se propaguem aos borbotões. Afinal, malucos inspiram malucos. Transgressões levam à transgressões. E os bons pagando pelos maus, como nessas recorrentes tragédias no país mais poderoso e desenvolvido do mundo, mas que não obstante sua riqueza se tornou refém da própria fria e calculista lógica capitalista. Que tem no comércio de armas uma de suas fontes mais lucrativas. 

Reverter esse quadro é o desafio que se impõem, e a meta inalcançável proposta e reiterada a cada nova tragédia. Inalcançável sim, posto que intrinsecamente associada a realidade de um planeta cingido pela desigualdade, discriminação e injustiça. Ou seja, um planeta sem conserto, em que só nos cabe fazer nossa parte e torcer para não tropeçar em algum maluco de plantão. Não estar no lugar errado, na hora errada.     




quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Quando O Amor Acontece - João Bosco





                     PEGAR OU LARGAR







O mundo seria perfeito se pudéssemos viver sempre numa boa, curtir as coisas que valem a pena, sem culpas e ressentimentos. Usufruir do dinheiro e da fama, ou simplesmente daqueles momentos mágicos que gostaríamos que nunca acabassem. Mas como a vida está longe de ser sequer amistosa, nem a opulência e a fartura são garantia de felicidade. 

Evidentemente, dispor de recursos e dotes é uma baita mão na roda, sejam eles materiais, artísticos, intelectuais. Mas nada é duradouro, permanente. Quando não é a cabeça, é alguma doença, um acidente, e a vida vira do avesso.  Pois nada é para sempre.

Primeiro, porque basicamente a vida é um jogo de perde e ganha, um campeonato de pontos corridos à Brasileirão. Em que ora se briga pela ponta, ora se está caindo pelas tabelas. 
Segundo, porque não fomos programados para sermos felizes. Felicidade é um estado de espírito, contingência. Pode mudar ao sabor do vento e da maré. 

O indivíduo normal está sempre se equilibrando na corda bamba da existência. Administrando as coisas na moral ou no tranco. Quase sempre no tranco. Fazendo concessões, fazendo o que não gosta, engolindo sapos e desaforos, em meio a um mundo de contas e obrigações. Um monte de gente cobrando e sugando, e ninguém para reconhecer, agradecer, te dar o devido valor.

Pois assim é a vida. Sacana, traiçoeira, cobra caro, caríssimo por qualquer coisa que se venha obter. Mesmo para aqueles que parecem aquinhoados pela sorte, eleitos pelos deuses, a barra às vezes pesa e as coisas desandam, pois o luxo e a luxúria andam de mãos dadas.

A vida dá com uma mão e tira com a outra. O que ela nos dá não tem preço. Mas o que nos tira, idem. Negociar com ela é tudo que nos resta. Uma negociação difícil, no mais das vezes ingrata e injusta, em condições geralmente adversas, mas é pegar ou largar. É ir à luta ou ficar na tocaia. 





quarta-feira, 4 de outubro de 2017



                                        SIMULACROS





O que fazer quando não há mais nada a fazer ?
Nada que dê jeito, que conserte  
o que não tem conserto, o que não tem remédio ?

O que dizer quando as palavras já não surtem efeito,
quando não convencem e sequer contemporizam,
tão rotas e esfarrapadas que nem juras adiantam ?

O que dizer quando não há mais nada a dizer,
que soe minimamente convincente,
findos todos os argumentos razoavelmente críveis,
que sequer mereçam o benefício da dúvida ?

O que esperar quando não há nada mais
a esperar, que valha a pena esperar,
esgotadas todas as tentativas,
queimados todos os cartuchos ?

Nada, é a resposta para tudo.
Nada fazer, nada dizer, nada esperar.
Nada além de dar um tempo para o coração 
se refazer 
dos velhos simulacros do estoicismo.






sexta-feira, 22 de setembro de 2017



VELHO NOVINHO EM FOLHA





Na impossibilidade de ser mais do que sou,
é quase um não existir onde me encontro.
Um simulacro do que poderia ter sido.
Arremedo do que fui um dia.
Muito aquém do que sonhava para mim.
Do que pensava que poderia fazer.
Do que não fiz, e nem tentei fazer.  
Por inaptidão, covardia, acomodação.
Medo de sair da zona de conforto.


No entanto, não lamento.
 

Estou exatamente onde deveria estar.
Cheguei exatamente onde poderia chegar.
Não transfiro a ninguém culpas que são
de minha inteira autoria e responsabilidade.

Não plantei nenhum árvore, não escrevi um livro,
e os filhos que tenho não me pertencem.
Pertencem ao mundo.
Não precisam de mim para nada.
Pois nada mais tenho a dar que faça diferença.
Relegado a hipocrisia das convenções.
De palavras ao léu.
Posto que o que importa já não importa.
Nem a voz da consciência que se eleva em horas mortas.
Morto como estou para o quê um dia fui.
Para o que sentia. 
Pelo que me congratulo. 
Ao quê saúdo. 
O novo homem em que me transformei.
Um velho homem novinho em folha.






sexta-feira, 15 de setembro de 2017



                 KIT-PENITENCIÁRIA

Sabemos todos que o nó górdio da justiça é a prova. É provar de maneira cabal e inquestionável a culpabilidade imputada a este ou aquele. O direito, tal qual o conhecemos nos países ditos evoluídos, tem como característica o rigor extremo e meticuloso no ato da acusação, e em contrapartida, salvaguardas que beiram a leniência em defesa dos réus. Grosso modo, a preocupação em evitar a condenação de um inocente abre precedentes e jurisprudência que beneficiam mil meliantes. 

Não se trata de uma exclusividade de nossa justiça chicaneira, os Estados Unidos não ficam atrás em casos de arbitrariedades escandalosas, em função da autonomia penal vigente em seus 50 estados. Ou seja, o que vale na Pennsylvania não vale no Texas. Uma aberração que o cinema norte-americano transformou no seu maior filão, em incontáveis filmes e séries televisivas que giram em torno da discrepância entre uma ordenação jurídica extemporânea e criminalização ostensiva. Quase ao contrário do que acontece aqui, onde vigoram leis e penalizações extremamente flexíveis e camaradas.

Tão flexíveis e camaradas que, quando a coisa começa a dar uma reviravolta, graças as heroicas ações da Laja-Jato e do MPF, levadas a cabo pela Polícia Federal, a bandidagem entra em pânico. Não acreditam. Esperneiam, ameaçam, apelam para toda sorte de artifícios, no afã de negar os fatos escabrosos que vão sendo dedurados, por ex-correligionários decididos a livrar a pele. Outros, que se julgavam intocáveis e mais espertos, simplesmente desmontam e choram ao ver que a suposta esperteza não foi suficiente para livra-los da humilhação da prisão. 

Sabemos todos que os caminhos da justiça brasileira são longos e tortuosos, ainda mais com certas figuras manjadas  de nossa Suprema Corte, dos quais tudo de pode esperar. De qualquer forma, tem sido extremamente reconfortante ver que a impunidade está ficando para trás, com a prisão de tantos figurões que acreditavam estar acima das leis. Como o mega-mafioso Wesley Batista, que se jactava de ter engambelado o procurador Janot e o próprio juiz Edson Facchin, e acabou caindo feio - ou melhor dizendo, lindamente - do cavalo.

Mantida essa linha - se é que a substituta de Janot na PGR, Raquel Dodge, não dê pra trás - e a coisa não deve parar por aí. Lula, e quem sabe o próprio Temer, podem deixar o kit-penitenciária preparado que mais dia, menos dia, vão precisar. 









         

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